Você já desarmou sua armadilha hoje?

Sim, sua armadilha. Aquela que colocou para você. Não quero saber das que você armou para seu marido, filho, namorado, vizinho, fulano ou beltrano.
Estou falando daquele encontro que você marcou e esqueceu-se de colocar na agenda. Dos cinco minutinhos a mais na cama porque estava muito cansado. Do celular que deixou em algum lugar e nem se lembra mais onde foi. Só estava esperando o intervalo do futebol, da novela, e iria sair neste instante.
Isso tudo que você faz sem querer, sem maldade. Você deve estar pensando: essa mulher é louca em achar que faço isso de propósito, só para prejudicar a mim mesmo depois. Mas eu reafirmo, faz sim, bem feito com riqueza de detalhes, sofisticação personalizada e muito mais vezes em um único dia que esses exemplos aí.
Sabe o tal encontro bobo que você não marcou na agenda, era só o almoço de aniversário com seu melhor amigo, aquele que sempre está lá quando você precisa. Ou então, era o almoço de negócios super importante, que iria tratar da sua tão sonhada promoção na empresa.
Os cinco minutos a mais na cama, a espera do intervalo, te levaram a sair correndo de casa, perder o ônibus, ouvir uma bronca do chefe, do namorado. Ou pegou o carro que estava sem combustível, o posto estava cheio e você saiu esbravejando com todos que via, avançou o sinal vermelho, xingou aqui, ali. Pronto, tudo armado.
Ah! E o celular, onde foi que deixou?
Nossos grandes problemas na vida são as armadilhas que armamos para nós mesmos e nem percebemos. Todas essas pequenas situações geram outras e outras coisas. Conseqüentemente, as relações familiares e entre casais são as mais prejudicadas.
Nunca nos percebemos por que os amigos se afastam, ou por que a tão sonhada promoção não vem. Agora chega mais uma multa de trânsito quando estou sem grana para nada, já que a promoção não veio.
Uma coisa nem sempre é relacionada à outra. Somos ótimos em colocar a culpa nos outros. Não anotei na agenda porque alguém me chamou para…
Trabalho… estudo… para sustentar melhor minha família! Mereço assistir ao jornal, ao futebol, ao filme e dormir só mais cinco minutinhos. Deixei o celular por que alguém o colocou em outro lugar, e assim vai. Um monte de desculpas. Quero dizer, desculpas não, justificativas plausíveis. Desculpas quem dá são os outros, eu tenho justificativas plausíveis, sérios motivos para fazer tais coisas.
Já chega! Antes que tenhamos certeza do quão cruéis somos, vamos desarmar nossas armadilhas.